Diversos · Quarta Parede

Poema de “Possum”

Mother, Father, what’s afoot?
Only Possum, black as soot.

Mother, Father, where to tread?
Far from Possum, and his head.

Here’s a bag, now what’s inside?
Does he seek or does he hide?

Can you spy him, deep within?
Little Possum, black as sin.

Bag is open, growing wider.
What’s inside it, man or spider?

Little boy, don’t lose your way.
Possum wants to come and play.

Look at Possum, there he lies.
Children meet his lifeless eyes.

See his nasty legs and tongue.
When he wakens, watch him run.

Wait a while, my little child,
For what is playing dead.

Possum, with his black balloons,
Will eat you up in bed.

Happy valley, painted black,
All the children in a sack.

Wave goodbye to sun and moon.
Say hello to black balloon.

The parcel opened, out it sprang,
The black, long-legged Possum Man.

Children, run! He’ll eat and smother,
Any child without a mother.

Diversos · Língua Presa

É Normal, Acontece

Há anos, quando ainda usava o Facebook, li esse texto e ele nunca mais saiu da minha cabeça. Resolvi compartilhá-lo aqui, porque é um pouco difícil de encontrá-lo:

“Meu pai tinha um grande viveiro, cheio de pássaros, de todos os tipos, de todos os modos de cantos. Era o hobby do velho – Criar pássaros. Ele ficava horas olhando os bichos. Quando a gente se aproximava pra chamar ele pra jantar, descrevia cada um deles – O modo como viviam na natureza, como cantavam, como se reproduziam. Eu ficava hipnotizado com as histórias do meu pai sobre os pássaros. Um dia ele abriu a porta do viveiro e deixou todos saírem. Os que não queriam sair, ele pôs para fora. Então ele passou a ir direto pra mesa, jantar. Ninguém falava no assunto. Um dia ele estava limpando o viveiro vazio. Eu fiquei olhando ele trabalhar. Ele me viu observando. Sorriu e me chamou pra perto e disse: Um dia, você também vai se cansar do que mais gosta na vida. É normal. Acontece.”

Procurei, mas não achei nenhuma informação sobre o autor, Rubens K. Se alguém passar por aqui e souber quem ele é, por favor, dê um alô.

Crônicas · Diversos · Língua Presa

Negócio da Nostalgia

Os fãs foram pegos de surpresa com o cancelamento do show do Blink-182 no Lollapalooza, em abril. Muita gente se animou, inclusive foi o dia cujos ingressos esgotaram com mais rapidez nessa edição. Agora, um bando de marmanjo está puto da vida com a notícia.

Nas últimas semanas, foi anunciado O Auto da Compadecida 2. Vi várias postagens de amigos e conhecidos super animados com a notícia. A única coisa que veio à minha mente foi: pra quê?

Na cerimônia do Oscar que aconteceu há alguns dias, Top Gun: Maverick estava lá concorrendo em CINCO categorias, incluindo MELHOR FILME.

Não tem jeito, hoje em dia, a nostalgia é o negócio mais lucrativo da indústria do cinema. É só fazer um adulto ter a mínima sensação de ser adolescente de novo, que um filme tem tudo para voar nas bilheterias.

Quanto à música, deixa só a conta bancária começar a cair. Inúmeras reuniões, como essa aí do Blink-182 e os membros “clássicos”, serão cada vez mais frequentes. It’s the money, não tem jeito.

Enquanto isso, sigo com meus filmes iranianos dos anos setenta e meu garimpo diário no subterrâneo da música.

Diversos · Garimpo · Língua Presa · Música

Militando Na Contra-Informação

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1994/9/03/caderno_especial/2.html
(São Paulo, sábado, 3 de setembro de 1994)

Carlos Monforte – Os bancos estão aí preocupados com esse negócio da poupança?
Rubens Ricupero – Do compulsório? Mas tem que ser. Vai dar uma freada grande. Isso vai baixar, ainda que seja no cacete. Não estão dizendo que eu só ia fazer medidas duras depois da eleição? É isso. Estavam dizendo isso. Que era o Real 1 e o Real 2. Isso não é uma medida popular, não é? Eles (bancos) andaram fazendo umas manobras… Eles andaram com negócio de CDBs. Umas coisas assim. Eu não estou dizendo, mas você indaga lá no Banco Central que você vai descobrir que tem umas histórias assim.
Monforte – E o IPC-r, como é que está? Fica esse mesmo índice ou acaba com ele?
Ricupero – Agora em setembro ele cai, viu. Eu não vou dizer porque eu não quero anunciar, mas eu já sei a primeira quadrissemana do IPC-r já caiu muito.
Monforte – Então fala isso, então.
Ricupero – Não, é que nós não anunciamos antes, não dá para anunciar agora. Se não o pessoal do PT vai dizer que nós… Quem sabe a semana que vem. Mas vai cair.
Monforte – Mas por que o IPC-r deu essa loucura, essa derrapada?
Ricupero – Eles fizeram um tremendo erro metodológico. Eles botaram todo o aluguel de uma vez só. Inclusive o aluguel que tinha aumentado antes do período de junho. O Pastore fez uma entrevista mostrando isso lá em São Paulo, né? Mas é difícil, né? Porque se você mexesse vão dizer que estava manipulando. Há uma tese também, um grupo que diz que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que divulgou o IPC-r) é um covil do PT.
Monforte – O que que é o covil?
Ricupero – O IBGE… Não sei se é verdade, mas tem gente que está convencido disso. O pessoal aqui diz que não, mas eu não excluo a hipótese de que tenha havido alguma (inaudível). Porque você veja, é o único que deu isso. Sou um pouco suspeitoso.
Monforte – Mas não adiantou nada, né? Até cresceu…
Ricupero – Não, não tá transmitindo, né?
Técnico – Caiu a linha
Monforte – É porque isso é por linha telefônica.
Ricupero – Ah, é telefônica.
Monforte – Qual é a correção de rumo que tem que fazer?
Ricupero – É isso que nós estamos fazendo. O que você pensa que é esse compulsório, pô?
Monforte – E isso é correção de rumo?
Ricupero – É uma freada, né? Tinha sinais de aquecimento. Aquecimento em geral.
Monforte – Os juros deram uma subida de novo.
Ricupero – Estava havendo aquela suspeita… Você sabe, é um pouco preventivo. É um pouco o que o eu disse: é uma freada no ônibus para rearrumar um pouco, quando o motorista diz assim “vrum”… aí todo mundo… para distribuir melhor a coisa. Havia sinais, né? Com essa história de IPC-r, reajuste, o pessoal querendo fazer greve. Então tem que dar uma pancada, né? E eu vou dar outra. Com o negócio da importação. Isso não é bricandeira não. Eu vou fazer um troço firme.
Monforte – Não é importação de carro, é importação de tudo?
Ricupero – Tudo. Eu estou cheio de reserva, pô. Pra mim é ótimo.
Monforte – Importação de quê, principalmente?
Ricupero – Tudo.
Monforte – Vai baixar tudo? Vai liberar tudo?
Ricupero – Não, tudo eu não digo, mas em grande… Tudo quanto é bem de consumo e tal. Fazer uma coisa grande.
Monforte – Bens de consumo o que é que é? Televisão, geladeira, esse negócio todo?
Ricupero – O que você menciona, tudo. Bens de consumo duráveis. Porque é o único jeito que você tem de garantir que não vai faltar produto, porque esses caras… Porque você está jogando aí com bandidos, você entende. É tudo bandido.
Monforte – Empresário brasileiro é dose.
Ricupero – Eu não vou dizer, mas você sabe. Eu conto sempre aquela história: a gente não ameaça, mas… Você conhece aquela história da máfia? Não se ameaça… Não se ameaça… Aquilo é que bom. Uma história boa que eu contei é aquela do mexicano motorista. Você conhece?
Monforte – Não.
Ricupero – O sujeito entra num círculo na hora do ‘rush’ em direção contrária. O cara lá do helicóptero, que está dirigindo um programa de rádio, diz, ‘cuidado, hay un loco circulando en dirección contrária’. Aí, o sujeito, ouvindo, diz assim: ‘No hay solo un loco. Hay miles de locos’ (risos).
Monforte – Bom, mas esse negócio do IPC-r baixando, eu acho que é importante falar.
Ricupero – Mas eu não tenho ainda. Ainda não dá. O pessoal me mata. Eu vou te prometer o seguinte: se eu conseguir convencer o pessoal aí, eu, segunda-feira… eu te dou a primazia (inaudível). Eu preciso conversar com eles, senão eles me matam. Esse pessoal tem toda aquela corporação de economista. É um troço complicado. Vão dizer: ‘Pô, você proibiu da vez anterior que era ruim, agora que é bom…’ No fundo é isso mesmo. Eu não tenho escrúpulos. O que é bom a gente fatura; o que é ruim, esconde.
Monforte – Uma curiosidade minha: você andou batendo no PSDB, dando umas porradinhas?
Ricupero – Depois eu parei, né? Era por causa do Franco (Gustavo Franco, diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central). Se eu não tivesse feito isso ele teria sido demitido. Toda vez que há um troço desses, para reequilibrar, porque começava vir o Tribunal Eleitoral… Não sei o quê… Para mostrar absoluta isenção eu dou um cacete nele. Foi isso que eu disse à “IstoÉ”: toda vez que tiver um troço desses eu dou um cacete. Se tiver uma declaração do PMDB, eu dou um cacete no PMDB. Se for do PT… O problema é que meus assessores são todos do PSDB. Tinha que ter alguém do PMDB aí. Eu tinha que fazer isso, viu Carlos. Porque, se não, ficam questionando a minha isenção. Eu não podia… Agora acalmou, né? Você viu, acalmou e tal. Ninguém mais falou no assunto. Essas coisas você tem que matar na hora. A única forma que eu posso provar o meu distancianciamento do PSDB é criticar o PSDB.
Monforte – …isso vai ser gravado em São Paulo… Nós estamos com o ‘link’ aberto… Porque entrou ao vivo… Nós estamos com o ‘link’ aberto. Daí, já grava direto. O problema é esse aqui (apontando com mão direita para o ponto eletrônico que usa no ouvido). Esse negócio da gasolina não é um pouco precipitado, não? Falar que pode baixar o preço e tal?
Ricupero – Isso eu falei para criar um pouco… Você sabe, está todo mundo falando do IPC-r aí…
Monforte – (interrompe Ricupero para conversar com a técnica sobre a qualidade do som)
Ricupero – (retomando a resposta sobre gasolina) Como eu estava te dizendo, com esse negócio afasta um pouco o clima de (inaudível). Eu faço essas coisas um pouco por instinto, sabe? De vez em quando armo uma confusão. Não tenha dúvida: esse país não é racional.
Monforte – Nem um pouco.
Ricupero – Dou um susto na Petrobrás… Aproveito para dar a eles firmeza para enfrentar reivindicação… Tem várias vantagens. Eu até gostaria de fazer. Se eu puder, eu faço.
Monforte – Na hora de responder, também responde curtinho como no ‘Jornal Nacional’ para a gente perguntar mais, né? Está ficando bom nisso, heim?
Ricupero – Estou. Depois a gente faz um programa junto quando eu sair do governo. Um programa de debate (risos).
Monforte – (volta a conversar com a técnica, tentando resolver o problema de áudio).
Ricupero – Se quiser, nesse fim-de-semana podia ver o negócio do ‘Fantástico’. Posso gravar também, se quiser alguma coisa, eu estou à disposição. Quem é que é? É o Alexandre?
Monforte – Não. O ‘Fantástico’ é a Nereide que cuida mais disso. Eu posso até falar com ela.
Riucpero – Pode falar, porque eu estou disponível. Eu vou ficar aqui o fim-de-semana inteiro. Porque eu acho bom. Porque nessa fase, meu caro, por causa do IPC-r, eu estou querendo, por isso é que eu resolvi ficar no ar o tempo todo. Então, o máximo que eu puder falar, eu falo.
(a transmissão fica fora do ar durante 12 segundos e aparece na tela a inscrição ‘Geração TV Globo Brasília’)
Ricupero – …Ele me telefonou outro dia. Queria me felicitar por causa do pronunciamento. Eu não estou preocupado com isso.
Monforte – E é Roma mesmo?
Ricupero – Para mim seria melhor, porque assim eu descanso e tal. Olha, muito entre nós, vai parecer presunçoso, o governo precisa muito mais de mim do que eu dele.
Monforte – Hoje, não tenho a menor dúvida.
Ricupero -Isso eu não diria para outra pessoa… Quando terminar tudo, se tudo der certo, o problema vai ser ele (FHC) explicar não me convidar.
Monforte – O quê?
Ricupero – Vai ser explicar não me convidar (risos). Você sabe, eu não digo isso, mas há inúmeras pessoas que me escrevem e que me procuram para dizer que votam nele (Fernando Henrique Cardoso) por causa minha. Aliás, ele sabe disso, né? Que o grande eleitor dele hoje sou eu. Por exemplo, para a Rede Globo foi um achado. Porque ela em vez de terem que dar apoio ostensivo a ele botam a mim no ar e ninguém pode dizer nada. Agora, o PT está começando… Mas não pode. Porque eu estou o tempo todo no ar e ninguém pode dizer nada. Não é verdade? Isso não ocorreu da outra vez. Essa é uma solução, digamos, indireta, né?
Monforte – Eu não tenho a menor dúvida que muita gente vai votar nele por (inaudível).
Ricupero – Eu ouço muita gente que não votaria nele por causa do PFL e que vai votar por causa de mim.
Monforte – (interrompe a conversa novamente para discutir problemas técnicos)
Técnico – Está indo via satélite, tá? Qualquer coisa que tiver falando aí, antena parabólica pega.
Monforte – Tudo bem. Está cheio de ruído. Está ouvindo isso?
Técnico – Está, todo mundo ouve.
Ricupero – Então, já pegaram.
(Monforte e Ricupero se olham e riem. Monforte recebe ligação em um telefone celular)
Monforte – Oi, Fala? Diga? Tá, tudo bem. Já estamos sabendo aqui. Então, tá, tchau (em seguida, dirige-se a Ricupero). Olha, é para não falar mais não porque está pegando toda a conversa na parabólica.
Ricupero – Deveriam ter avisado antes…

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Trecho de Entrevista com Kieslowski

“Morto em 19 de junho de 2019, o crítico de cinema Rubens Ewald Filho entrevistou inúmeras figuras importantes ao longo de extensa carreira. Resgatamos aqui sua entrevista com o cineasta polonês Krzysztof Kieslowski no Festival de Cannes de 1994, quando apresentava a terceira parte de sua Trilogia das Cores, A Fraternidade é Vermelha, também seu último filme. Kieslowski acabava de anunciar sua aposentadoria.

R: Acha que já disse tudo que queria em seus filmes?

K: Não é esse tipo de problema… Eu só estou muito cansado, e, como disse, não sou fã de cinema. É só minha profissão. E se tenho a oportunidade de parar, eu paro.

R: A Fraternidade é Vermelha teve excelente reação de crítica, que amou. Isso pode mudar algo?

K: Gosto que as pessoas gostem de meus filmes, porque faço para elas. Os críticos também são parte do público.

R: Por que você escolheu a Suíça, Genebra, para a ação do filme?

K: Porque é dinheiro francês e é um país que fala francês. Podíamos ter feito na Bélgica, mas preferia a Suíça porque a história pertence a esse país.

R: E as coincidências no filme, personagens se reencontrando. Quase uma marca sua. Por quê?

K: Porque acontece muito isso em nossa vida e notei, vi, senti isso. Por isso coloquei no filme. Todos [os filmes da Trilogia das Cores] são diferentes porque são histórias diferentes. O primeiro é um tipo de drama, uma tragédia até. O segundo é uma comédia, o terceiro não sei classificar, não sei bem o que é, mas os críticos farão isso, dirão do que se trata, eu aprenderei…

R: Vai acreditar neles?

K: Não importa. Mas alguém vai rotulá-lo. Mas eu não posso, não sei.

R: O que faz em seu tempo livre?

K: Nos últimos anos não tive tempo livre. Nenhum.

R: Porque tem se falado muito em sua aposentadoria. Realmente se decidiu?

K: Sim…

R: Você vai se aposentar…

K: Já me aposentei.

R: Mas o que um cineasta faz quando se aposenta?

K: Nada, eu espero…

R: Você vai para sua casa e…

K: Você é brasileiro, sabe disso, você gosta da vida. Eu também… Gosto de usar a vida.

R: Cuidar do jardim? Você tem hobbies?

K: Tudo. Respirar, relaxar… tudo.

A entrevista está no material extra do DVD de A Liberdade é Azul (Versátil Home Vídeo). Kieslowski morreu em março de 1996, aos 54 anos. A Fraternidade é Vermelha saiu de Cannes sem nenhum prêmio. Na ocasião, Pulp Fiction ganhou a Palma de Ouro.”

Retirei o trecho acima de um comentário no Filmow feito pelo usuário Rafael Amaral.

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Mundo Livre S/A + Malu Mader

“Musa da Ilha Grande” é um clássico da música brasileira. A mistura perfeita entre samba e rock’n’roll, marca registrada do Mundo Livre S/A.

Lendo curiosidades sobre o Samba Esquema Noise (1994), disco em que a música faz parte, descobri que houveram várias participações em sua criação, principalmente do pessoal dos Titãs, já que foi o selo deles que distribuiu o álbum.

Uma dessas participações é da atriz Malu Mader, global que fez muito sucesso nos anos noventa e início dos anos 2000, justo em “Musa da Ilha Grande”. Ela fez backing vocals que aparecem no finalzinho da música:

“Não saio nãããão”;
Não saio, não saio, não saio”;
“Quero saber se eu saio”.

Samba Esquema Noise é meu álbum brasileiro favorito, muito rico em estilos, detalhes e com letras afiadas, com um humor refinado e críticas sociais que continuam tão atuais quanto o ano de seu lançamento.

O melhor de tudo é que o Mundo Livre S/A continua na ativa e o próximo trabalho da banda será lançado ainda esse ano.

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Final de Filme

Ontem à tarde eu e meu amigo Zé fomos levar o Pretinho para a casa nova dele. Dos nove filhotes que nasceram, ele era o mais querido, e até quem não gosta de cachorro, como o Zé, criou um certo apego nele. Ele era muito atentado, queria brincar o tempo todo, irritava seus pais e comia igual um leão.

No trajeto até seu novo lar, Pretinho conheceu a rua pela primeira vez. Observou os carros passando, as pessoas caminhando e o belo pôr-do-sol que essa cidade tem. No rádio do carro tocou “Someone Else’s Song”, do Wilco, uma canção só voz e violão com uma letra de amor boba, mas sincera, que fica ainda mais emocionante na voz de Jeff Tweedy.

Soma-se o contexto da adoção do Pretinho com a música e aquele momento ganhou um tom de despedida, uma emoção não nítida em nossas faces, mas que lá dentro ela ferveu. Pareceu uma cena final daqueles filmes onde tudo dá certo e as pessoas saem realizadas com um sorriso no rosto.

O Pretinho agora é Romeu e sua nova dona já até me mandou uma foto dele enrolado em um cobertor. Foram quarenta e cinco dias que ele, sem saber, alegrou a minha casa e a vida de alguns vizinhos, mesmo que por alguns poucos minutos.

Aquele pestinha vai longe.

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Fly Anakin e o Streaming

Há alguns dias, o rapper Fly Anakin tomou a decisão de retirar boa parte do seu material das plataformas de streaming e deixá-las somente no Bandcamp. Sua alegação foi a mesma de tantos outros artistas: o pagamento dessas empresas aos cantores e bandas é pífio, se comparado ao que elas recebem.

Tal atitude demonstra muita coragem por parte dele, enfrentando um sistema que cada vez mais toma conta do mercado, direcionando os ouvintes a terem acesso mais fácil ao que o “algoritmo” oferece, ou seja, ao que está na moda ou a quem paga mais para ser divulgado.

Mesmo que seja um golpe quase imperceptível nesse monstro gigante, a atitude de Fly Anakin é louvável. Deixo abaixo o lançamento mais recente do cara, Pixote, EP lançado na última sexta-feira.