Direto do Forno · Música

O Novo do Laibach: Sketches Of The Red Districts

O Laibach é um conjunto esloveno que mistura vários elementos em sua música. Aqui tem uma panorama bem explicado sobre a criação da banda e a sua trajetória.

Em Sketches Of The Red Districts, lançado no primeiro dia do ano pelo selo Mute, temos sete canções bastante experimentais, predominando o industrial e a eletrônica, que casam muito bem com a voz rouca e amedrontadora do vocalista Eber.

A abertura, “01.06.1924”, parece anunciar a chegada de um perigo iminente, e o medo se mantém em “Glück Auf!”, que agora, além dos sintetizadores, ganha a força da bateria, lenta, constante e raivosa, acelerando ao final, com um ritmo até dançante. Até aqui, foram pouco mais de dez minutos e a sensação é que não se entende o que está acontecendo.

E por falar em dançante, a música seguinte, “Moralna Zaslomba”, é a minha favorita e digo sem medo que poderia muito bem ser tocada em uma rave ou pista de dança. A bateria marcante no chimbal e bumbo, o baixo em loop e mais efeitos eletrônicos ao fundo dão à ela o famoso clichê de “viagem sonora”. E a agressividade volta mais uma vez no final da canção, com uma explosão de sons que, mais uma vez, deixa o ouvinte atordoado.

“Smrt In Pogin” é a canção perfeita para fechar os olhos e se deixar levar. São seis minutos de instrumental quase que permanente, uma voz radiofônica aparece e some, como um mistério. Em sequência, a faixa mais longa, “Nekaj Važnih In Načelnih Misli o Bodoči Usmeritvi”, com treze minutos, é puro caos, recomendada para amantes de experimentalismo ao mais alto grau.

É estranho dizer isso quando se ouve o disco, afinal, é muito detalhe acontecendo, mas “Lepo-Krasno” é a mais “palpável” se comparada às outras, e o encerramento, “27.09.1980”, é uma faixa ambiente, o desfecho perfeito para um álbum tão barulhento.

Sketches Of The Red Districts é um forte candidato a melhor disco que ouvi esse ano.

1. 01.06.1924
2. Glück Auf!
3. Moralna Zaslomba
4. Smrt In Pogin
5. Nekaj Važnih In Načelnih Misli o Bodoči Usmeritvi
6. Lepo–Krasno
7. 27.09.1980

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Current Affairs – Right Time (Single)

Um dos primeiros textos aqui do NumaSexta foi sobre o Current Affairs, lá em 2019, e desde então, nada de álbum completo… até agora.

Os escoceses de Glasgow se preparam para o lançamento de Off the Tongue, o primeiro disco da banda, com previsão para 14 de junho, através do selo Tough Love Records.

Para quem gosta de um som pós-punk seco, gelado e rápido, “Right Time”, a canção selecionada como single, é um deleite.

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O Novo do A Broken Sail: Infinite Sets 1

Quem indicou esse disco em seu perfil no Instagram foi o David Pajo (Slint, Tortoise, Papa M, etc), e uma indicação de um dos deuses da guitarra alternativa merece toda atenção.

O A Broken Sail é um trio de post-rock australiano e lançou em 8 de fevereiro Infinite Sets 1, um EP com três canções calmas, lentas e hipnóticas, durando menos de quinze minutos.

“Ships in the Night” inicia o EP e vai tomando forma aos poucos, até ganhar força na metade final, como se fosse uma explosão cósmica. A seguinte, “Pink Jeans”, a única com voz, é mais lenta e triste, porém “Strangle” leva a tristeza a uma máxima elevação e finaliza o disco em um completo desamparo.

Não gosto muito de ouvir post-rock por sentir que o clima fica pesado, uma sensação de angústia mais forte do que costumo aguentar. Infinite Sets 1 é interessante de ouvir para conhecer a banda e também o estilo, mas não é um EP marcante ao ponto de ser frequente ou lembrado em audições futuras.

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howya – Only For You (Single)

Apesar de ser um estilo que gosto bastante, o lo-fi hip hop tem um problema sério de ser repetitivo em alguns momentos. Por isso, quando conheço algum que se destaca, faço questão de trazer pra cá.

É o caso do artista irlandês howya, que estreia com o single “Only For You”, pelo selo Vinyl Digital. “Only For You”, além das batidas já conhecidas do gênero, é hipnótica, com uma guitarra suave ao fundo, trazendo uma sensação de leveza e paz ao ouvinte.

A sensação é de flutuar entre as nuvens durante uma noite fresca.

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Thundercat & Tame Impala – No More Lies (Single)

Desde que lançou It Is What It Is em abril de 2020, tempo de pandemia, o Thundercat deu uma sumida. Um dos artistas mais interessantes que conheci desde então, eis que o cara reapareceu com uma música nova.

Dessa vez, uma parceria com o Tame Impala, que não gosto tanto, mas que funcionou e muito bem. “No More Lies” é dançante e psicodélica na medida certa, pois os estilos se combinam e as vozes casaram certinho. A expectativa agora é se vem um disco colaborativo nos próximos meses.

Se seguir a linha dessa, será um sucesso.

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PJ Harvey – A Child’s Question, August (Single)

Depois de passar os últimos anos se dedicando à literatura, a deusa PJ Harvey retorna ao mundo musical, para a felicidade de todos.

Sete anos após o aclamado The Hope Six Demolition Project, ela retorna com “A Child’s Question, August”, que, sem exagero algum, é uma das melhores músicas de sua carreira.

Esse é o primeiro single de I Inside the Old Year Dying, o décimo disco de estúdio da artista, que sairá do forno pela Partisan Records em 7 de julho desse ano. Mais uma vez, o álbum foi pensado, arranjado e produzido com seu parceiro de longa data, John Parish.

Se a primeira música liberada já é ótima, imagino o que será que nos aguarda daqui uns meses.

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Som Imáginario – Os Cafezais Sem Fim (Single)

Em um dia triste para a música brasileira, com a morte do grande Ivan “Mamão” Conti, um dos maiores bateristas da história do nosso país, fica como condolência o achado de um coletivo tão importante e grandioso quanto.

Gravado em 1976 e guardado a sete chaves desde então, o selo gringo Far Out Recordings anunciou Banda Da Capital, disco ao vivo do Som Imaginário, banda criada para acompanhar Milton Nascimento, mas que de tão boa, acabou virando um projeto sério e independente.

O álbum, oriundo de um show em Brasília, sairá por completo em 2 de junho, e “Os Cafezais Sem Fim” é seu primeiro single.

Como é rica a música popular brasileira.

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Margaritas Podridas – Filosa/Vómito (Single)

Imagina ter como referência toda a cena underground dos anos noventa, e décadas mais tarde, ter um dos grandes nomes daquele tempo produzindo um de seus trabalhos.

Dá para dizer que as Margaritas Podridas realizaram um sonho, afinal, seu single mais recente, “Filosa”, foi produzido por ninguém menos do que Jack Endino, uma das figuras mais importantes do underground noventista. Além disso, a banda mexicana está agora no catálogo da Sub Pop, outro nome de peso daquela época.

“Filosa” é agressiva e suja, fazendo jus ao que Endino vem produzindo em sua carreira. Cheia de feedbacks, guitarras sujas, uma bateria marcante e berros, muitos berros, a música é um chute na porte (dos bons) para quem quer conhecer a banda. O lado B, “Vómito”, não deixa barato e mantém toda a ferocidade da canção anterior.

A expectativa agora é para um novo disco. Fiquem de olho nesse quarteto mexicano.

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Dave Lombardo – Journey of the Host (Single)

Slayer (membro fundador), Testament, Mr. Bungle, Fantômas, Dead Cross, Misfits, Suicidal Tendencies.

Essas são “apenas” algumas das bandas que fazem parte do currículo de Dave Lombardo, um dos bateristas mais influentes dos últimos quarenta anos.

E somente agora, em 2023, ele lançará seu primeiro disco solo, intitulado Rites Of Percussion, no dia 5 de maio, pela gravadora do seu amigo e parceiro de longa data Mike Patton, a Ipecac Recordings.

Ao que parece, Rites Of Percussion foi criado como se fosse a trilha sonora de um filme e será todo instrumental.

Seu primeiro pedaço, Journey of the Host, lançado há duas semanas, é ótimo. Lembrou a trilha do Birdman, do Iñarrítu.

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Swans – Paradise Is Mine (Single)

Esse aqui saiu fresquinho do forno hoje, e é o tipo de lançamento que gosto de escrever sobre.

A mente do Michael Gira é criadora de obras tão provocativas quanto maravilhosas, e ao que tudo indica, The Beggar, o próximo disco do Swans, tem tudo para seguir esse caminho.

Saiu hoje o primeiro single do sucessor de leaving meaning. (2019), uma peça de nove minutos chamada “Paradise Is Mine”. Depressiva e hipnótica, com um instrumental que passeia do jazz ao pós-punk e com a voz de Gira soando como se estivesse saindo de nuvens carregadas, a canção se mantém fiel ao tipo de música que o Swans vem fazendo desde os anos oitenta: mantendo uma linearidade de estilo, mas sem ser repetitivo.

É como um dos usuários do Youtube comentou: o Swans é uma das poucas bandas que conseguem fazer uma canção de nove minutos não ser entediante.

The Beggar sairá por completo em 23 de junho deste ano, pelo selo próprio de Michael Gira, o Young God Records, e também pelo Mute.