Garimpo · Música

Lee Hazlewood

Saiu no meio do ano passado a coletânea The Sweet Ride: Lost Recordings 1965​-​68, do cantor norte-americano Lee Hazlewood, pela Light in the Attic Records, de Seattle.

Desconhecido por mim até poucos dias atrás, o cara fez uma parceria de sucesso com Nancy Sinatra e foi um artista de notoriedade durante os anos 50 e 70, principalmente no meio da música country e folk.

A coletânea acima reúne onze canções, entre demos e sobras de estúdio, e serve como porta de entrada para conhecer melhor a discografia do cantor. Entre gravações acústicas e outras acompanhadas por banda, a voz de Lee Hazlewood é um charme à parte.

Meu destaque vai para a faixa-título, que possui duas versões: a que abre o disco, mais rápida e enérgica, e a que encerra, em um formato mais intimista e lento.

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Direto do Forno · Música

O Novo do Laibach: Sketches Of The Red Districts

O Laibach é um conjunto esloveno que mistura vários elementos em sua música. Aqui tem uma panorama bem explicado sobre a criação da banda e a sua trajetória.

Em Sketches Of The Red Districts, lançado no primeiro dia do ano pelo selo Mute, temos sete canções bastante experimentais, predominando o industrial e a eletrônica, que casam muito bem com a voz rouca e amedrontadora do vocalista Eber.

A abertura, “01.06.1924”, parece anunciar a chegada de um perigo iminente, e o medo se mantém em “Glück Auf!”, que agora, além dos sintetizadores, ganha a força da bateria, lenta, constante e raivosa, acelerando ao final, com um ritmo até dançante. Até aqui, foram pouco mais de dez minutos e a sensação é que não se entende o que está acontecendo.

E por falar em dançante, a música seguinte, “Moralna Zaslomba”, é a minha favorita e digo sem medo que poderia muito bem ser tocada em uma rave ou pista de dança. A bateria marcante no chimbal e bumbo, o baixo em loop e mais efeitos eletrônicos ao fundo dão à ela o famoso clichê de “viagem sonora”. E a agressividade volta mais uma vez no final da canção, com uma explosão de sons que, mais uma vez, deixa o ouvinte atordoado.

“Smrt In Pogin” é a canção perfeita para fechar os olhos e se deixar levar. São seis minutos de instrumental quase que permanente, uma voz radiofônica aparece e some, como um mistério. Em sequência, a faixa mais longa, “Nekaj Važnih In Načelnih Misli o Bodoči Usmeritvi”, com treze minutos, é puro caos, recomendada para amantes de experimentalismo ao mais alto grau.

É estranho dizer isso quando se ouve o disco, afinal, é muito detalhe acontecendo, mas “Lepo-Krasno” é a mais “palpável” se comparada às outras, e o encerramento, “27.09.1980”, é uma faixa ambiente, o desfecho perfeito para um álbum tão barulhento.

Sketches Of The Red Districts é um forte candidato a melhor disco que ouvi esse ano.

1. 01.06.1924
2. Glück Auf!
3. Moralna Zaslomba
4. Smrt In Pogin
5. Nekaj Važnih In Načelnih Misli o Bodoči Usmeritvi
6. Lepo–Krasno
7. 27.09.1980

Música · Resgate

Resgate:  Theophilus London – Revenge (ft. Ariel Pink)

Esse texto é a inauguração da coluna Resgate aqui no NumaSexta.

A proposta é trazer canções, artistas ou bandas que conheço, mas que não ouço há algum tempo, ou até nem lembrava mais da existência. São tantas informações e lançamentos hoje em dia, que é fácil deixar algo cair no limbo e ficar despercebido.

Foi dirigindo um dia desses que tive tal ideia, quando coloquei uma playlist minha para tocar, chamada Descobertas & Novidades, e a primeira música foi “Revenge”, a que encerra o disco Bebey (2020), do rapper norte-americano Theophilus London.

Tenho uma vaga lembrança de que, mais uma vez, foi a capa do álbum o que me levou a ouvi-lo na época do lançamento, e essa música em específico, com participação do Ariel Pink, chamou muito minha atenção e recordá-la recentemente foi um agrado. Tanto que ela tem sido tocada por aqui várias e várias vezes nos últimos dias.

O que lamento é que Bebey é um disco um tanto quanto mediano, mas “Revenge” compensa.

Garimpo · Música

Garimpo: Primus Ao Vivo no Dennis Miller Show, 1992

Acho que esses são os vídeos que mais assisti em 2023 até hoje.

Nem dá para dizer que é um garimpo, porque essa apresentação do Primus é bem conhecida, mas a questão é que sempre tive interesse em conhecer o som deles, só não sabia por onde começar. E “Tommy the Cat” ao vivo foi a porta de entrada.

Ver Les Claypool recitar versos rápidos enquanto toca um baixo de seis cordas de forma completamente insana, isso foi demais para mim. Não tinha como não gostar.

Primus é uma banda estranha, difícil de ser rotulada e comparada com outras, e não tem adjetivos melhores do que esses para um artista.

Garimpo · Música

Garimpo: The Brian Jonestown Massacre – Abandon Ship

Assistir o Brian Jonestown Massacre ao vivo em Brasília e tão de perto foi uma realização e tanto, daquele tipo de sonho tido como impossível de acontecer, mas aconteceu. Ainda mais tão de perto, um pouco mais de dois metros do palco apenas.

Deu para ver tudo, principalmente a famosa cara de tédio do Joel Gion, um dos principais personagens do septeto, perdendo apenas para o líder Anton Newcombe.

Foram duas horas de show impossíveis de ficar parado, principalmente quando a banda tocou minhas duas músicas favoritas: “Forgotten Graves” e “Anemone”, sendo que a segunda levou o público a uma verdadeira viagem sonora.

Mas o grande destaque da apresentação foi no final, quando Anton chamou os dois roadies para o palco. Ao todo, eram quatro guitarras, dois violões, um baixo e a bateria.

A canção de encerramento foi “Abandon Ship”, e pasmem: ela nem sequer consta em um álbum ainda. Deu para ver Anton Newcombe mostrando pros caras como que toca, eles pegaram na hora e depois foram mais de dez minutos de improvisos, repetições melódicas e o desfecho de um dos melhores shows que já vi na minha vida.

Direto do Forno · Música

Current Affairs – Right Time (Single)

Um dos primeiros textos aqui do NumaSexta foi sobre o Current Affairs, lá em 2019, e desde então, nada de álbum completo… até agora.

Os escoceses de Glasgow se preparam para o lançamento de Off the Tongue, o primeiro disco da banda, com previsão para 14 de junho, através do selo Tough Love Records.

Para quem gosta de um som pós-punk seco, gelado e rápido, “Right Time”, a canção selecionada como single, é um deleite.

Direto do Forno · Música

O Novo do A Broken Sail: Infinite Sets 1

Quem indicou esse disco em seu perfil no Instagram foi o David Pajo (Slint, Tortoise, Papa M, etc), e uma indicação de um dos deuses da guitarra alternativa merece toda atenção.

O A Broken Sail é um trio de post-rock australiano e lançou em 8 de fevereiro Infinite Sets 1, um EP com três canções calmas, lentas e hipnóticas, durando menos de quinze minutos.

“Ships in the Night” inicia o EP e vai tomando forma aos poucos, até ganhar força na metade final, como se fosse uma explosão cósmica. A seguinte, “Pink Jeans”, a única com voz, é mais lenta e triste, porém “Strangle” leva a tristeza a uma máxima elevação e finaliza o disco em um completo desamparo.

Não gosto muito de ouvir post-rock por sentir que o clima fica pesado, uma sensação de angústia mais forte do que costumo aguentar. Infinite Sets 1 é interessante de ouvir para conhecer a banda e também o estilo, mas não é um EP marcante ao ponto de ser frequente ou lembrado em audições futuras.

Direto do Forno · Música

howya – Only For You (Single)

Apesar de ser um estilo que gosto bastante, o lo-fi hip hop tem um problema sério de ser repetitivo em alguns momentos. Por isso, quando conheço algum que se destaca, faço questão de trazer pra cá.

É o caso do artista irlandês howya, que estreia com o single “Only For You”, pelo selo Vinyl Digital. “Only For You”, além das batidas já conhecidas do gênero, é hipnótica, com uma guitarra suave ao fundo, trazendo uma sensação de leveza e paz ao ouvinte.

A sensação é de flutuar entre as nuvens durante uma noite fresca.

Direto do Forno · Música

Thundercat & Tame Impala – No More Lies (Single)

Desde que lançou It Is What It Is em abril de 2020, tempo de pandemia, o Thundercat deu uma sumida. Um dos artistas mais interessantes que conheci desde então, eis que o cara reapareceu com uma música nova.

Dessa vez, uma parceria com o Tame Impala, que não gosto tanto, mas que funcionou e muito bem. “No More Lies” é dançante e psicodélica na medida certa, pois os estilos se combinam e as vozes casaram certinho. A expectativa agora é se vem um disco colaborativo nos próximos meses.

Se seguir a linha dessa, será um sucesso.

Direto do Forno · Música

PJ Harvey – A Child’s Question, August (Single)

Depois de passar os últimos anos se dedicando à literatura, a deusa PJ Harvey retorna ao mundo musical, para a felicidade de todos.

Sete anos após o aclamado The Hope Six Demolition Project, ela retorna com “A Child’s Question, August”, que, sem exagero algum, é uma das melhores músicas de sua carreira.

Esse é o primeiro single de I Inside the Old Year Dying, o décimo disco de estúdio da artista, que sairá do forno pela Partisan Records em 7 de julho desse ano. Mais uma vez, o álbum foi pensado, arranjado e produzido com seu parceiro de longa data, John Parish.

Se a primeira música liberada já é ótima, imagino o que será que nos aguarda daqui uns meses.